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  • 29/11/2013 15:52

    Marcio Kühne emociona público ouricuriense em palestra promovida pela CDL

    Ocorreu nesta quinta-feira (28) a palestra “Quem faz com amor, faz com qualidade”, promovida pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Ouricuri (CDL), com apoio do Sebrae e Senac. O palestrante Marcio Kühne, que já foi visto por mais de meio milhão de pessoas em todo o Brasil, trouxe uma perspectiva motivadora para empresários e colaboradores das empresas, bem como para todo o público presente. Com experiência de atuação em grandes empresas nacionais e multinacionais, Marcio Kühne abordou várias questões acerca do comportamento humano e empresarial, tendo como foco principal levantar reflexões no que tange às práticas empresariais e do capital humano das organizações.

    O presidente da CDL Ouricuri, Francisco Assis Matos Alencar (Assis Júnior) iniciou a noite discorrendo acerca da perspectiva do comércio para o ano de 2014, que terá uma dinâmica diferenciada por se tratar de ano de Copa do Mundo e Eleições. Confirmou a realização da VI FECOU – Feira do Comércio de Ouricuri, na última semana do mês de maio do próximo ano, restando apenas fechar algumas parcerias, incluindo, neste sentido, a Prefeitura de Ouricuri. O evento de negócios, que já é uma marca consolidada como uma das principais do ramo no Estado de Pernambuco, já conta com a confirmação da parceria com o Sebrae. Antes da palestra principal, Assis Júnior relembrou o período de intensa dificuldade por conta das condições climáticas que trouxeram a triste realidade da seca na microrregião do Sertão do Araripe Pernambucano.

    O palestrante inicia contando alguns exemplos pessoais e outros casos que servem de inspiração e motivação para as pessoas em tempos difíceis, de crise e de descrença. O próprio Kühne já esteve muito perto da morte em um acidente ao mar, caso que foi relatado em detalhes para o público. Uma das primeiras frases de efeito que expôs aos presentes foi quando citou que “o mundo está esquentando, mas as pessoas estão esfriando”, referindo-se a falta de afetividade, respeito, carinho e amor entre as pessoas, fazendo assim um paralelo entre as condições naturais e o comportamento humano nas sociedades. Kühne lembra ainda que nós, latino-americanos, “estamos perdendo nossa latinidade”, algo que nos faz únicos no mundo, em um sentido de calor humano, de dinamismo e de alegria peculiar.

    FOTO: Hercules Felix.

    Quando da abordagem sobre limites, Kühne fala que “os limites está onde nós os colocamos, ou onde permitimos que os outros em nós os coloquem”. Para exemplificar, Kühne conta a história do menino Rayan, que aos seis anos de idade já superava obstáculos gigantescos, tendo conseguido alguns anos mais tarde, com a ajuda inspiradora de uma professora, levar água a mais de 500 mil africanos. Uma história interessante que merece ser lida em mais detalhes. Por tocar neste assunto, falando de inspiração, Kühne lança uma pergunta ao público: O que falta para o milho virar pipoca? A resposta: o calor, que neste sentido se faz como o “estímulo” necessário para que aconteça o ato da transformação.

    Ao relacionar as causas dos problemas nas organizações (empresas), Kühne nos traz resultados estatísticos que apontam que 30% dos problemas organizacionais estão ligados a questões técnicas e conceituais, a grande maioria, ou seja, 70% são originados por questões comportamentais. Neste aspecto, Kühne alerta que a grande questão “não é saber, é fazer”. Para ele, “o inteligente é aquele que faz o que sabe”. É a ação acima do conceito.

    Aproximando-se do final da palestra, Kühne nos deixa suas cinco ideias para reflexão comportamental, sendo elas:

    1. Desintoxicar nossos relacionamentos.
    2. Sentir que temos controle sobre nossas vidas.
    3. Cultivar alegria e bom humor.
    4. Ser bom não é o suficiente: é necessário dar show.
    5. Se pautar por excelentes referências.

    Kühne cita que “o que diferencia pessoas extraordinárias de pessoas comuns é o amor, o humor e a inteligência”, que que estamos precisando cada vez mais resgatar alguns valores: amor, afeto e carinho. Lembra também que o maior patrimônio (ou capital) que qualquer empresa possui é o Capital Humano, ou seja, as pessoas que fazem as empresas, as quais chamamos contemporaneamente de organizações.

    Já encerrando sua palestra, Kühne cita que atualmente até para pedir esmolas é preciso dar show, citando o exemplo dos artistas populares que ficam nos sinais de trânsito, principalmente nas grandes cidades. O palestrante finaliza sua apresentação com as luzes do espaço apagadas, e solicita que todo o público presente abracem-se uns aos outros, ocorrendo um momento de intensa afetividade, carinho e calor humano no evento, encerrando com chave de ouro a palestra em seu objetivo principal.

    TEXTO: Humberto Lacerda

     

  • 18/11/2013 15:52

    Ouricuri e Região – cursos superiores a todo vapor: qualidade ou quantidade?

    Na última década, observamos uma crescente abertura no que diz respeito ao acesso de estudantes aos cursos superiores. Antigamente, entrar na universidade era um motivo de grande orgulho e, sobretudo, um enorme desafio pela conquista da profissionalização e da autonomia. Será que este pensamento ainda impera na mente dos nossos acadêmicos contemporâneos?

    Nos últimos anos, venho percebendo um número infindável de pessoas tendo acesso a cursos de graduação nas mais diversas áreas do conhecimento. Em Ouricuri e região do Sertão do Araripe Pernambucano é claramente visto uma quase “banalização” do ensino superior. Áreas como Pedagogia, Ciências Contábeis, Serviço Social, Direito, Administração, Educação Física e Teologia são algumas das que aparecem com maior frequência nas instituições públicas e particulares de ensino. É a década dos institutos.

    Contudo, há uma questão que vale ser ressaltada e instigada: será que as instituições estão com as devidas prerrogativas e capacidades operacionais e estruturais para formar pessoas para no âmbito do ensino superior? E os alunos, estão realmente dedicando-se a uma formação por “excelência” ou estão apenas interessados em certificados? Se for o último caso, sinto muito. O mercado de trabalho está cada vez mais disputado e, nesta perspectiva, apenas os grandes profissionais serão aproveitados e valorizados como tal (a não ser que venham os conhecidos “apadrinhamentos”, que não é a melhor alternativa, nem a mais justa). Em um futuro muito próximo (talvez já no presente) as competências profissionais serão (ou são) testadas frequentemente, e aquele que não se dedicar com afinco durante a sua formação pode sofrer graves consequências no futuro. E o que dizer dos acadêmicos que cursam uma faculdade privada? Investir dinheiro e não aproveitar o tempo e a disponibilidade dos professores seria mera estupidez.

    Coloco um exemplo que percebo bem de perto: conversando com professores que atuam nos institutos de ensino superior, com aulas aos finais de semana, bem como em faculdades com aulas diárias, vimos que uma considerável parte de acadêmicos não tem o devido interesse pelo curso ou pela formação. É como se estivessem apenas “cumprindo tabela” ou “cumprindo uma obrigação”, ou ainda “apenas esperando um certificado”. Consideramos que, neste sentido, falta uma atitude básica a todos os que querem um dia ser vencedores: COMPROMETIMENTO. Nestas mesmas observações, percebemos que, na maioria das vezes, são enviados professores com perfil profissional e pessoal com legítima propriedade para desempenhar suas atividades, mas esbarram em um COMODISMO crônico. O que nos deixa feliz é também observar que há uma grande parcela de estudantes que tem um futuro promissor, de sucesso. Mas não são tantos assim.

    Vejo frequentemente alunos de cursos de graduação, nas redes sociais, com frases do tipo: “partiu, faculdade” ou “a faculdade está me sugando” ou até mesmo “intervalo na faculdade”. Vejamos: o aluno está na faculdade, mas com a cabeça nas redes sociais ou em outras situações. Além disso, há ainda frases do tipo: “trabalho da faculdade pronto”. Nada mais do que o óbvio, uma simples obrigação de quem está em um curso superior (não há nada de status nisso). Mas deve ser lembrado que apenas o fato isolado de realizar uma atividade da faculdade, por si só, não é o fator principal: deve ser agregado valor ao que se fez.

    Exponho um texto de um velho professor de Fisiologia que afirmou, em um sermão aos seus alunos, que apenas 5% dos alunos são excelentes. Os outros 95% servem apenas para completar a turma. Ele avalia isso para todas as profissões: de cada 100 médicos, apenas 5 são realmente excelentes; de cada 100 motoristas, apenas 5 são grandes profissionais; e de cada 100 professores, apenas 5 são aqueles que farão a diferença no futuro de seus alunos. Um caso para refletir (e muito).

    Assim, não basta apenas estar cursando uma graduação. Deve ser levado em conta o tempo gasto, as energias, os objetivos, o planejamento feito e a contribuição que poderá ser dada à sociedade, pois sabemos que há os bons profissionais, os profissionais medianos e os profissionais excelentes. Em que grupo você, acadêmico, gostaria de estar inserido. Depende, principalmente, de você!

  • 18/11/2013 09:22

    Aos Gestores do Sertão do Araripe - A Importância dos Indicadores Sociais na Gestão Pública

    Qualquer gestão pública que busque o atendimento eficaz das demandas da população de uma cidade, estado ou país deve se sustentar em diversas ferramentas de planejamento, monitoramento e avaliação estratégica. Nesta perspectiva, o uso de pesquisas no tocante aos dados sobre saúde, educação, seguridade social, habitação, cultura e demais áreas de interesse público constitui um ótimo mecanismo de observação, estudo e aprimoramento da análise social, fomentando futuras intervenções no âmbito governamental.

    Contudo, percebe-se que na microrregião do Sertão do Araripe o uso dos indicadores socioeconômicos ainda não se faz tão presente, ou seja, não é uma prática constante nas gestões municipais. Setores de estatística, por exemplo, são raros (se é que existem mesmo). Recentemente, quando estava realizando uma atividade do curso de Especialização em Gestão Pública, deparei-me com uma realidade preocupante: quase não há dados estatísticos que comprovem ou permitam observar a evolução ou retrocesso em algumas áreas fundamentais da Administração Pública. Este fato foi visto também por alunos de outros polos, incluindo o Sertão do São Francisco. Ao realizar buscas sobre os perfis municipais em suas múltiplas facetas, o que sentimos foi uma precariedade de informações sistematizadas. Neste olhar, vale ressaltar a importância do uso de indicadores para subsidiar algumas ações estratégicas, permitindo uma visão holística não afirmativa, mas de orientação e amostragem de possíveis caminhos assertivos quando da implementação de políticas públicas. Percebemos claramente esta importância quando Jannuzzi (2012) nos aponta que:

    “Qualquer profissional, técnico ou gestor que atue no setor público ou em áreas próximas, que queira compreender melhor o debate atual sobre desemprego, pobreza, desenvolvimento econômico local, impactos ambientais ou que precise formular e implementar programas, projetos e ações nessas áreas necessita entender mais profundamente o que são os Indicadores Socioeconômicos, para que servem, como são construídos e como podem ser usados na elaboração de diagnósticos e em outras atividades do Planejamento Governamental e da Gestão Pública” (JANNUZZI, 2012, p. 07).

    Assim, vimos em que sentido o uso de indicadores sociais podem auxiliar as gestões públicas na identificação de problemas, construção de propostas, elaboração, intervenção, monitoramento e avaliação das políticas públicas. Cabe então aos gestores um olhar mais sensível a esta nuance administrativa, pois sabemos que, a cada instante, a sociedade absorve novas tendências e novas perspectivas, sendo necessário um entendimento estratégico e sistematizado para intervir de forma mais significativa nas reais necessidades da população, além de fomentar a gestão de forma a agregar maior dinamismo na metodologia administrativa governamental e compreender melhor a movimentação dos seus sujeitos de direitos e deveres sociais.

  • 18/11/2013 09:10

    Cultura – você realmente sabe o que é? Um conceito antropológico

    Existem várias palavras de complexa definição dentro do vocabulário da Língua Portuguesa e, sem sombra de dúvidas, uma delas é Cultura. Considerando a vasta diversidade étnica, racial, folclórica, sexual, religiosa e política existente no país-continente Brasil, encontrar uma definição para o termo Cultura não é das tarefas mais fáceis. Mas cabe aqui, nesta intenção, analisar Cultura sob o aspecto antropológico.

    Entre algumas das caracterizações formadoras de cultura, podemos citar questões como o determinismo biológico, geográfico e antecedentes históricos no que tange às ideias e origem da Cultura. A amplitude do tema requer uma observação minuciosa e também sugere a exploração das ideias de diversas vertentes que buscam conceituar cultura, sendo necessárias muitas abordagens e sondagens neste aspecto.

    Edward Tylor enfatiza Cultura como sendo um conjunto de conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, hábitos sociais. Este conceito, a priori, poderia ser o que mais se aproxima do que acreditamos ser Cultura, ou seja, um conjunto de condições que, atuando de forma contextualizada, identifica o homem dentro de uma comunidade e explica seus costumes e hábitos com os seres que o cercam em sua dimensão territorial. Contudo, vale ressaltar o que é acrescentado por Laraia quando da observação do conceito de Tylor: a importância da formação de grupos e da relação entre outros grupos, onde se espera a troca de experiências e a observação entre os grupos de costumes diferentes. Confúcio enfatiza que “os hábitos dos homens é que os faz diferentes, mesmo possuindo estes uma mesma natureza comum”. Concordo em parte com Confúcio, diante da magnitude da questão ser tão ampla, quando ele fala dos hábitos. Mas estes hábitos, em parte, são herdados geneticamente, e em outra parte são criados através das relações sociais, devido a uma pré-necessidade de adequação dos indivíduos ao seu meio.  

    Já na análise de Sahlins apud Laraia, surge a palavra “seletivamente” no tocante a nova posição da Antropologia Moderna em analisar a ação cultural, se sobrepondo aos fatores do ambiente. Acredito que, antes de existir uma cultura individual, há uma cultura coletiva, a partir de dois seres (ou mais) interagindo entre si.

    Leibniz analisa o acúmulo das ações do homem para a verdadeira ação da cultura. Fatores como a comunicação, linguagens, comportamentos compartilhados e normas são vistos como precedentes para o desenvolvimento do que buscamos entender por Cultura. Analisando Kluckhohn, creio que a que mais se aproxima de uma definição mais clara de cultura seria “o legado social que o indivíduo adquire do seu grupo”. Seria um conjunto de heranças que, somadas ao que é adquirido pela convivência com os demais integrantes do grupo, o torna capaz de agir em sociedade.

    Dentre as teorias modernas sobre Cultura, afasto-me do conceito de Geertz quando ele se apropria do pensamento de Max Weber sobre “o homem ser um animal amarrado a teias de significados que ele próprio teceu”. Acredito que o homem, por si só, não produz cultura em seu amplo significado social e organizacional separado de outros, ou seja, fora da coletividade. Contudo, acredito integralmente na análise que Fleury faz sobre a Cultura Organizacional, principalmente quando cita vocábulos como ordenar, atribuir significações, construção de identidades, consenso e relações de dominação, e esta (a cultura) não é ator principal na tomada de decisões em uma organização, mas deve servir de embasamento e ser levada (e muito) em consideração para oferecer diretrizes mais significativas para a gestão social.

     

  • 18/11/2013 09:01

    Estudo de Caso: Graciliano Ramos, um exemplo de Gestor Público para o nosso tempo?

    Durante um dos módulos que estudei no curso de especialização em Gestão Pública, promovido pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (UNIVASF), recebi este preciosíssimo texto como material de apoio, o qual faço questão de compartilhar com os interessados:

    OBS: Neste texto, os trechos em itálico são do próprio Graciliano Ramos.

     

    Graciliano Ramos (1892-1953), grande escritor brasileiro, nasceu em Quebrangulo (AL), em 27 de outubro de 1892. Estudou em Maceió e, em 1910 sua família estabeleceu-se na pequena cidade de Palmeira dos Índios, interior Alagoano, onde seu pai dedicava-se ao comércio. Seu primeiro livro foi publicado em 1933, “Caetés”. Em 1934, “São Bernardo”. “Angústia” em 1936. “Vidas secas” 1938, dentre outras obras.

    Foi preso em 1936, acusado, segundo fontes, injustamente pela participação no levante comunista de 1935, na época do Estado Novo, governo de Getúlio Vargas. Permaneceu na prisão até 1937. Este período, Ramos eternizou em sua obra “memórias do cárcere”.

    As informações acima são conhecidas do público, também suas obras. O que muitos desconhecem, é que, Graciliano Ramos esteve à frente da prefeitura de Palmeira dos Índios entre janeiro de 1928 a abril de 1930, quando renunciou ao mandato.

    Segundo Marcus Lopes – que assina a matéria da revista Gestor, publicada pela editora Nova Griffon –, Graciliano teria renunciado por ser um homem muito íntegro e, que gostava de cumprir suas promessas.  Com efeito, uma receita inexpressiva para executar todos os planos que fizera para a pequena cidade de Palmeira dos Índios, a grande crise de 1929 que abalou a economia sertaneja, inclusive atingindo o comércio de seu pai, levaram-no à renúncia.

    Contudo, durante a gestão de Graciliano, através de uma leitura dos relatórios detalhados redigidos pelo nobre escritor e enviados ao governador Álvaro Paes, nota-se singular transparência nos atos do prefeito, transparência jamais igualada pelos políticos brasileiros. Devido às suas convicções, Graciliano indispôs-se com vários políticos e fazendeiros, inclusive seus correligionários; o vice de Graciliano, José Alcides Morais, por exemplo, renunciara no início do mandato.

    De acordo com Marcus Lopes, nota-se peculiar habilidade vernácula em seus relatórios. Além de sua habilidade com as palavras, seus relatórios revelam sua nobreza de caráter e comprometimento com o bem comum. Marcus Lopes descreve o caso do cemitério: “(...) No cemitério enterrei 189$000 – pagamento ao coveiro e conservação (...) Pensei em construir um novo cemitério, pois o que temos dentro em pouco será insuficiente, mas os trabalhos a que me aventurei, necessários aos vivos, não me permitiram a execução de uma obra, embora útil, prorrogável. Os mortos esperarão mais algum tempo. São os munícipes que não reclamam (LOPES apud RAMOS. 2009, p. 28).

    Adiante: “A prefeitura foi intrujada quando, em 1920, aqui se firmou um contrato para o fornecimento de luz. Apesar de ser negócio referente à claridade, julgo que assinaram aquilo às escuras. É um bluff. Pagamos até a luz que a lua nos dá” (LOPES apud Ramos. 2009, p. 28-30).

    Durante o seu mandato, Graciliano construiu três escolas municipais, aumentou o salário dos professores e o turno dos alunos nas aulas. Cuidou da limpeza pública, fez um novo matadouro, criou o primeiro serviço de higiene pública no interior do Estado. Construiu uma nova estrada ligando Palmeira dos Índios ao distrito de Cacimbinha e, ainda, implementou um novo código de posturas municipal (LOPES, 2009). O código de posturas implementado por Graciliano rendeu-lhe algumas divergências. A primeira delas com seu pai; uma das medidas do novo código proibia animais soltos nas ruas, porém, certo dia um dos fiscais municipais alegou ao prefeito que não recolhera alguns animais porque estes pertenciam “ao coronel Sebastião” pai de Graciliano. O fiscal foi advertido que se agisse assim, da próxima vez, seria demitido. “Prefeito não tem pai. Eu posso pagar sua multa, mas vou ter de apreender seus animais toda vez que o senhor deixá-los na rua”, argumento ao seu pai. (LOPES apud RAMOS. 2009: p.30).

    Outro embate foi com o sr. Capitulino Vasconcelos vereador e comerciante de gado. O vereador reclamava do imposto para o corte da carne no açougue aos produtos alegando que tal lei não existia. Graciliano, então, retrucou: “A lei existe e você assinou (...) não tenho culpa de você ser burro e assinar papel sem ler, Capitulino. Não pleiteei prefeitura e não vou fazer favores (...) pague o imposto antes que tenha de pagar multa”. (LOPES. 2009, p. 30-31). Em consequência de seus atos, além da compreensão dos munícipes que viviam sob o jugo de políticas tendenciosas comumente compreendidas como Coronelismo, houve, naquela época, pequeno levante em oposição à administração. Graciliano estava ciente de seus atos e escreveu: “Não favoreci ninguém. Devo ter cometido numerosos disparates. Todos os meus erros, porém, foram da inteligência, que é fraca. Perdi vários amigos, ou indivíduos que possam ter semelhante nome. Não me fizeram falta. Há descontentamento. Se a minha estada na prefeitura por estes dois anos [1928 e 1929] dependesse de um plebiscito, talvez eu não obtivesse dez votos”. (LOPES apud RAMOS. 2009, p. 32). Persistente, seguiu adiante, porém a crise mundial de 1929 e as dificuldades para realizar os seus planos na prefeitura fê-lo renunciar.

    Graciliano, certamente não será lembrado pelos seus anos à frente da prefeitura de Palmeira dos Índios. Sua honestidade e comprometimento puseram-lhe à prova. No entanto, escrevemos o presente texto em homenagem a esses atos valorosos de um homem que realmente soube ser um político, oferecendo-nos seu exemplo. Pena que seus companheiros, durante a nossa história, jamais concordaram com tal conduta, pois, não lhes entra na cabeça.” (Texto completo de Joandre Oliveira Melo “Para prefeito: Graciliano Ramos”)².

    A Seguir: trechos selecionados do texto de Lorenzo Aldé “Manual do Bom Político”³:

     

    Lição número 1: Impor autoridade.

    Havia em Palmeira inúmeros prefeitos: os cobradores de impostos, o Comandante de Destacamento, os soldados, outros que desejassem administrar. Cada pedaço do Município tinha a sua administração particular, com Prefeitos Coronéis e Prefeitos inspetores de quarteirões. Para que tal anomalia desaparecesse, lutei com tenacidade e encontrei obstáculos dentro da Prefeitura e fora dela – dentro, uma resistência mole, suave, de algodão em rama; fora, uma campanha sorna, oblíqua, carregada de bílis. (...) me davam três meses para levar um tiro. Dos funcionários que encontrei em janeiro do ano passado restam poucos: saíram os que faziam política e os que não faziam coisa nenhuma.

    Entre os demitidos estava o tesoureiro da cidade – “que apenas serviria para assinar as folhas e embolsar o ordenado, pois no interior os tesoureiros não fazem outra coisa” –, por acaso irmão do vice-prefeito. Resultado: o vice exonerou-se.

    Lição número 2: Nepotismo é palavra a ser riscada do caderninho.

    Diante de queixas contra a terraplanagem de uma lagoa, que custaria “um horror de contos de réis” (“não tanto quanto as pirâmides do Egito, contudo”), o prefeito pondera:

    O dinheiro do povo poderia ser mais útil se estivesse nas mãos, ou nos bolsos, de outro menos incompetente do que eu; em todo o caso, transformando-o em pedra, cal, cimento, etc., sempre procedo melhor que se o distribuísse com os meus parentes, que necessitam, coitados.  Graciliano encontrou o cofre vazio, e teve a idéia de depositar parte dos recursos que arrecadava em um fundo, para render juros. Ainda assim, tomou a precaução de dissipar suspeitas: “Devo dizer que não pertenço ao banco nem tenho lá interesse de nenhuma espécie”. Até Sebastião sentiu no bolso o senso de justiça do filho. Foi informado de que o novo código de posturas municipais proibia que se deixassem animais soltos nas ruas. Não cumpriu. Multado, achou-se no direito de queixar-se pessoalmente. Recebeu uma reprimenda: “Prefeito não tem pai. Eu posso pagar a sua multa. Mas terei que apreender seus animais toda vez que o senhor os deixar na rua”.

    Houve lamúrias e reclamações por se haver mexido no cisco preciosamente guardado em fundos de quintais; lamúrias, reclamações e ameaças porque mandei matar algumas centenas de cães vagabundos; lamúrias, reclamações, ameaças, guinchos, berros e coices dos fazendeiros que criavam bichos nas praças.

    Lição número 3: Conhecer as leis com que se trabalha.

    Ao assumir, Graciliano constatou que legislação, por ali, era igual cabeça de bacalhau: dizem que existe, mas ninguém nunca viu.

    Não achei no Município nada que se parecesse com lei, fora as que havia na tradição oral, anacrônicas, do tempo das candeias de azeite. Constava a existência de um código municipal, coisa intangível e obscura. Procurei, rebusquei, esquadrinhei, estive quase a recorrer ao espiritismo, convenci-me de que o código era uma espécie de lobisomem.

    Afinal, em fevereiro, o secretário descobriu-o entre papéis do Império. Era um delgado volume impresso em 1865, encardido e dilacerado, de folhas soltas, com aparência de primeiro livro de leitura de Abílio Borges. Um furo. Encontrei no folheto algumas leis, aliás bem redigidas, e muito sebo.

    Propôs um novo código de condutas, aprovou-o junto ao Conselho (a Câmara de Vereadores da época). Além da questão dos animais soltos, os 82 artigos ordenavam diversas práticas da vida coletiva: proibia-se o comércio após as 21horas, pescar no açude, vender carne doente, pichar palavras ou figuras obscenas em prédios, portas, muros ou passeios, vender medicamentos sem receita.

    Lição número 4: Gerenciar bem os recursos.

    Para isso é preciso, antes de mais nada, arrecadar direito. Palmeira dos Índios fica na divisa com Pernambuco, e o contrabando corria solto na região. Imposto não era coisa para se levar a sério. “Os devedores são cabeçudos (...) pagam ao Município se querem, quando querem e como querem”. O antídoto: acabar com isenções fiscais e botar o pessoal para pagar. Em dois anos, dobrou a arrecadação.

    Convém não ser perdulário. O orçamento para telegramas, por exemplo, impressionou o novo gestor. A praga do marketing das realizações públicas já dava o ar de sua graça.

    Não há vereda aberta pelos matutos (...) que prefeitura do interior não ponha no arame, proclamando que a coisa foi feita por ela; comunicam-se as datas históricas ao Governo do Estado, que não precisa disso; todos os acontecimentos políticos são badalados. Porque se derrubou a Bastilha – um telegrama; porque se deitou uma pedra na rua – um telegrama; porque o deputado F. esticou a canela – um telegrama. Dispêndio inútil. Toda a gente sabe que isto por aqui vai bem, que o deputado morreu, que nós choramos e que D. Pero Sardinha foi comido pelos caetés.

    As obras de Graciliano, sem essas macaquices, andavam rápido. Em cinco meses, com vinte homens no batente, construiu uma estrada moderna para a época, com oito metros de largura, até Palmeira de Fora. E mais uma via paralela para o trânsito de animais. A correta utilização dos recursos, aqui, fica por conta da lógica que ensina qual é o caminho mais curto entre dois pontos. “Nas estradas que se abriram, só há curvas onde as retas foram inteiramente impossíveis”, acha por bem enfatizar – ciente de que, no país das estradas e empreiteiras, volta e meia constroem-se pontes que ligam nada a lugar nenhum. Por fim, há o escoadouro legalizado, em licitações boas para as empresas, ruins para o povo. “A iluminação da cidade custou 8:921$800. Se é muito, a culpa não é minha: é de quem fez o contrato com a empresa fornecedora de luz”. Por essas e outras, posicionou-se contra a aprovação das contas do antecessor. Estavam cheias de despesas supérfluas e sem autorização. Nesta batalha, foi voto vencido.

    Lição número 5: Priorizar os desvalidos.

    Eleito, antes mesmo da posse Graciliano passou a ser visto perambulando pela cidade. Especialmente nos subúrbios e nas roças. Impressionou-se com a vida dos matutos, “bichos sem dono”, vidas secas. A realidade da educação ele já conhecia bem, desde que fora presidente da Junta Escolar. Deu aumento aos professores, construiu três escolas, impôs dura fiscalização para garantir a presença dos alunos. Matrículas e frequência dispararam. Nos anos 1930, o analfabetismo atingia cerca de 80% da população. O escritor dizia que as crianças precisavam aprender a ler “para tirar título de eleitor e decorar sonetos”. Promoveu campanhas de vacinação obrigatória e criou o primeiro posto de saúde municipal em todo o interior do estado. “Tem sido de grande utilidade à nossa gente”.

    Lição número 6: Apaixonar-se!

    Entre as eleições e os preparativos para a posse, havia conhecido a bela Heloísa. Em cartas a ela, pouco antes do casamento, falava de sua impressão sobre a empreitada que acabara de abraçar: “Para os cargos e administração municipal escolhem de preferência os imbecis e os gatunos. Eu, que não sou gatuno, que tenho na cabeça um parafuso de menos, mas não sou imbecil, não dou para o ofício e qualquer dia renuncio”.

    Renunciaria, sim, mas só dois anos depois. Atingida, como toda a economia nacional, pela crise de 1929, a loja Sincera afundava em dívidas. De quatro, já eram seis os filhos para criar. Graciliano aceita convite para ser diretor da Imprensa Oficial de Alagoas, em Maceió. O que levou da experiência?

    Perdi vários amigos, ou indivíduos que possam ter semelhante nome. Não me fizeram falta. Há descontentamento. Se a minha estada na Prefeitura por estes dois anos dependesse de um plebiscito, talvez eu não obtivesse dez votos.

    Modéstia? Ou fina ironia quanto à distância que separa a lisura pessoal da política “de resultados”?”

    ¹FONTE: Rodrigo Gameiro, 2009. 

    ²Texto completo, “Para Prefeito: Graciliano Ramos, de Joandre Oliveira Melo, que utilizou como referência bibliográfica: LOPES, Marcus. Graciliano Ramos, O GESTOR. In.: GESTOR – Revista do administrador público. São Paulo: Nova Griffon, 2009. (PP.28-34), publicado no site: https://espacointuicao.blogspot.com/2009/11/para-prefeito-graciliano-ramos.html.

    ³Trechos selecionados do Texto “Manual do Bom Político” de Lorenzo Aldé da Revista de História, publicado no site da Revista de História, no endereço eletrônico: https://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/?go=detalhe&id=1702.

  • 16/11/2013 10:38

    Matéria: Facebook - situações que merecem sua atenção

    É cada vez mais vidente o impacto que as redes sociais estão trazendo para a vida das pessoas. Contudo, nem sempre são positivos. A rede social Facebook, alvo deste texto, é uma das que mais necessitam de atenção quando do uso por seus membros. Percebemos, neste sentido, uma infinita diversidade de perfis e publicações das mais variadas formas que se possa imaginar. Todavia, trago alguns casos que, porventura, merecem um cuidado e atenção especial:

    1. Cuidado com a escrita: Convenhamos que o sistema educacional brasileiro não tem atendido a demanda da população da forma mais adequada, mesmo que ultimamente venham ocorrendo algumas tímidas melhorias. A falta de qualidade na educação ainda é, infelizmente, notória. Porém, ao escrever algum comentário ou postar algo nas redes sociais, deve-se ter o cuidado para não cometer erros "grosseiros" de ortografia. Isto não quer dizer que o usuário não possa errar uma vez ou outra; isto implica dizer que, na medida do possível, antes de escrever é importante checar se algo está errado, visto que a internet, principalmente nos dias atuais, é uma das principais ferramentas de marketing pessoal, ou seja, sua imagem está exposta a todos de sua rede. Outrossim, erros grosseiros de ortografia podem significar "desleixo".

    2. Cuidado com as fotos: Algumas fotos são muito particulares, outras nem tanto. Mas, quando se compartilha praticamente todos os momentos da vida fica a ideia do usuário estar transferindo ao mundo a sua privacidade. Um exemplo que se percebe é a exposição exagerada de recém-nascidos. É como se fossem medalhas, troféus e condição de status social. Filhos são muito mais que isso: ter um filho é assumir uma grande responsabilidade. E fica ainda uma indagação: é mesmo necessário mostrar todos os movimentos dos bebês? Todos os dias, todas as horas? É realmente necessário fazer festa todos os meses do ano, ou seja, 12 vezes por ano? Filhos são uma dádiva de Deus... Contudo, são seres huamnso, não são objetos de decoração. 

    3. Religiosidade extrema: A diversidade religiosa é algo salutar, ou seja, algo saudável. Respeitar esta diversidade é mais saudável ainda. Contudo, ao utilizar uma rede social apenas para publicar mensagens bíblicas ou dizer quem está certo e quem está errado (baseando em suas crenças particulares) não se constitui em rede social. Isto se chama "Blog". Além disso, pode gerar a ideia da pessoa ser, digamos, "fanático" religioso. É certo que Deus deve estar sempre em primeiríssimo lugar, mas... Será que este lugar é o Facebook?

    4. Fotos de cadáveres: Algo que vem deixando muitas pessoas chateadas é o fato das postagens desmedidas de cadáveres. Talvez o maior propósito disso seja adquirir audiência e visibilidade nos blogs e nas páginas sociais. Mas, em que estado ficam os familiares das vítimas? E a consideração com os familiares e com o próprio defunto? Será que essa busca desenfreada por audiência e notoriedade realmente valem a pena, utilizando de artifícios como este? Mas faço aqui um parêntese: quando se trata de um informativo policial, aí a coisa muda. Só visualiza ou acessa o site quem quiser. Mas, no Facebook, o indivíduo abre sua página e se depara com corpos mutilados, sem pedir para ver. Corre o risco até da exclusão de contatos por conta disso. Seria mais sensível, antes de publicar tais imagens, criar algum mecanismo que filtre se a pessoa quer ver ou não. Cada um faz o que crê ser mais conveniente. Mas isso não deixa de ser uma falha do Facebook.

    5. Forçar a barra: Há perfis de usuários que deixam evidente os pedidos de elogios. A todo instante postam fotos bem vestidos. E só postam isso, o tempo todo. Trata-se praticamente de um desfile de beleza pessoal, aguardando que os outros rasguem os elogios do tipo: "tá linda", "poderosa", "tá um gato", "maravilhosa"... Os elogios devem vir pela sinceridade, e não pela apelação. Mais uma vez deixa de ser uma rede social para se transformar em um "Blog da Beleza".

    6. Desabafos: às vezes, o ser humano passa por situações que incomodam tanto que não conseguimos filtrar a melhor resposta ou a melhor solução. Neste aspecto, percebemos muitas pessoas que usam o Facebook o tempo todo para falar mal do mundo, falar mal do sistema, enfim, falar mal da vida. Que tipo de imagem está sendo transmitida? Claro que a ideia não é se deixar pelo que os outros vão pensar, é por sensatez mesmo.

    E você, o que acha? concorda com algo? discorda? então comente abaixo. Participe!

    TEXTO: o autor.

    IMAGEM: basilidesbg.wordpress.com

  • 26/10/2013 12:37

    Santa Cruz: turma do curso de Pedagogia realiza júri tendo como réu a Educação

    No último dia 20 de outubro, a turma “A” do curso de Pedagogia, do Instituto UNIESB, na cidade de Santa Cruz (PE) realizou um júri simulado que teve como objetivo principal julgar o sistema educacional brasileiro. Em consonância com a disciplina “Políticas Educacionais e Legislação da Educação Básica I”, os acadêmicos colocaram no banco dos réus a própria Educação, realizando um julgamento de alto nível. Os estudantes trouxeram embasamentos legais, observando os dispostos na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996), bem como da Constituição Federal de 1988. Além disto, os graduandos trouxeram à tona temas contemporâneos.

    Entre os componentes do júri, constavam advogados de defesa e acusação, o juiz, o júri (composto por sete pessoas) e as testemunhas de defesa e de acusação, além da plateia que assistia atentamente o desenrolar das discussões. Tudo bem planejado e organizado (sala padronizada, vestimentas específicas, roteiro a ser seguido). Os acadêmicos incorporaram muito bem os personagens, ao tempo em que os demais alunos viam de perto as diversas nuances que ocorrem em um processo deste tipo.

    Entre os principais pontos que foram discutidos, estavam: excesso de alunos por turma (salas superlotadas), vazamentos de informações no ENEM, altas taxas de analfabetismo, baixos salários dos professores, falta de estrutura física das escolas e resultados das escolas públicas em avaliações nacionais. Uma frase que chamou muito a atenção foi quando a acusação questionou: “Que país é este em que os professores precisam ir às ruas protestar por melhores condições de trabalho e melhores salários?”.  Contudo, em defesa da educação, foi exposto que um dos problemas existentes é a falta de compromisso por parte dos alunos e que o professor, quando escolhe esta profissão, deve estar ciente de que deve “trabalhar com amor”, salientando ainda que há um forte investimento na educação, jogando a culpa não no sistema, mas nas pessoas que fazem o sistema.

    Além das nuances acima, os acadêmicos trouxeram dados estatísticos, em percentuais e em quantidades, através de indicadores recentes, fomentando a apresentação e contribuindo para um olhar mais crítico e embasado no que diz respeito ao sistema da educação, sistema escolar e sistema de ensino, que compõem, em contextualização, a própria Educação Nacional.

    Após a realização do júri, os graduandos ofertaram um almoço para os participantes e professores das outras turmas dos cursos de Administração e Pedagogia, também na cidade de Santa Cruz.

  • 23/10/2013 18:58

    Responsabilidade Social nas Organizações

    Na sociedade contemporânea, a puridade cultural e a crescente discussão de gêneros tem tornado o mundo dos negócios e serviços cada vez mais inquieto. As organizações se veem, a cada instante, diante de novos desafios para atender a realidade crescente de exigências dos cientes e suas especificidades.  Neste sentido, faz-se perceber a necessidade que as empresas têm de se adequar não apenas às questões comerciais, mas também às questões sociais como um todo. Sendo assim, uma prática que vem se tornando cada vez mais necessária nas organizações modernas trata-se da Responsabilidade Social. Mas, do que se trata isso afinal?

    A responsabilidade social nas organizações incorpora um conjunto de atitudes e valores pessoais e institucionais que se reflete na organização, em seus parceiros, colaboradores, clientes, fornecedores e dentro da própria empresa. Exemplo destas atitudes, podemos citar: comprometimento com o bem comum, valorização dos colaboradores (empregados), transparência, sustentabilidade ambiental e promoção da comunidade. Mas, será que as organizações estão realmente preocupadas em agir em seus negócios com ações socialmente responsáveis ao mesmo tempo? Para alguns empreendedores (se é que podemos chamar assim), tais atitudes são vistas como “despesas extras” e “insustentáveis”, visto que, para atuar nestas condições, a organização terá um maior custo financeiro e necessita organizar melhor em termos de tempo para tais práticas. Contudo, há uma outra linha de empreendedores mais arrojados que fazem questão de, além da lucratividade, ajudar a comunidade e, por conseguinte, obter reconhecimento social, consolidando sua marca no mercado não apenas por resultados estatísticos de capital financeiro, mas também pelas boas práticas sociais, sendo assim mais um canal de possibilidades de crescimento da sociedade.

    No mundo que vivemos atualmente, com grande escassez de água potável, comida e com as questões ambientais se tornando cada vez mais importantes e emergentes, atuar n mercado seguindo a cartilha da responsabilidade social pode ser um grande investimento não somente na empresa, mas algo que trará benefícios para toda uma coletividade, gerando crescimento e progresso para a atual e futuras gerações de clientes, parceiros e demais colaboradores da organização. Sabemos que o Capitalismo “selvagem” abraçou o mundo dos negócios de uma forma extremamente intensa, principalmente após o período da Guerra Fria, no qual havia dois grandes blocos econômicos mundiais distintos (EUA, capitalista X União Soviética, Socialista), que acabou sendo reduzido a apenas um tipo de modelo econômico (capitalista), com grandes impactos sociais e culturais, os quais são sentidos até hoje. Entre estes impactos estão a luta desenfreada pelo lucro, a competição exacerbada, a corrupção, a desonestidade e a disputa desleal. Diante desta situação, observamos a cada dia as consequências sofridas pelo descaso do homem com o meio ambiente e uma “irresponsabilidade” empresarial gritante.

    Sendo assim, faz-se cada vez mais urgente um novo modelo de organizações que, desde a sua origem, trate não apenas dos objetivos financeiros, mas que tenham na sua essência valores sociais, éticos e morais que incluam a responsabilidade social como um investimento que trará retorno garantido não somente em um aspecto específico, mas sim em uma variedade de nuances em que se encontra aquela mesma comunidade que fará grande a organização que os buscam como fonte geradora de renda e subsídios de manutenção do negócio projetado.

  • 23/10/2013 18:54

    Uso da música na prática pedagógica: uma necessidade emergente

    No final do século XX e primeiras décadas do século XXI, observamos um fenômeno social que vem interferindo diretamente no comportamento de jovens e de adultos: a crescente publicidade e consumo de músicas com depreciação dos valores sociais. Letras com temáticas cheias de erotismo, apelos midiáticos e outras questões que nada produzem de valor na sociedade estão sendo espalhadas de forma intensa através da internet e outros meios, a exemplo da pirataria das mídias digitais. A falta de vigilância de famílias que quase não tem tempo suficiente para a educação dos filhos está facilitando e permitindo o crescimento de crianças e jovens em um meio social problemático no que diz respeito aos princípios educacionais, sendo (os jovens) bombardeados por músicas que trazem a exacerbação do consumismo de álcool, a falta de princípios éticos e morais e propagam a vida desenfreada e sem regras (a chamada Lei da Curtição). Neste sentido, percebemos o quão importante está sendo a formação pedagógica de professores e gestores escolares quanto à esta nova realidade juvenil, os quais devem realizar planejamentos estratégicos que contenham em sua estrutura formas eficientes e “atraentes” de combate a este problema que, a cada dia, vem aumentando. Ao mesmo tempo em que os educadores se deparam com o culto ao erotismo e independência “precoce” nas músicas em seus diversos estilos, estes mesmos profissionais possuem à sua disposição ótimas ferramentas didáticas para uma espécie de reordenamento de significados. A música popular brasileira (MPB) e outros estilos oferecem canções que, trabalhadas devidamente em sala de aula, podem fazer uma enorme diferença na educação dos jovens de hoje que são sugados constantemente pelas grandes mídias que permeiam o culto à Sociedade do Consumo e do Prazer.

    Exemplos de artistas que possuem grande número de canções que podem ser utilizadas na formação educativa dos alunos são os cantores Chico Buarque, Edson Gomes e Renato Russo. Estes, em seus distintos estilos musicais, possuem em suas composições musicais uma infinidade de assuntos relacionados às questões sociais, tratando de temas que vão desde a Ditadura Militar no Brasil a temas como o racismo, as drogas, a religiosidade e a história do país. Como exemplos destas músicas, podemos citar:

    Apesar de você (Chico Buarque), que trata da Ditadura Militar no Brasil e o sentimento da população em busca de liberdade, relatando o período sombrio vivido durante o regime militar em suas diversas formas e a maneira como as pessoas viviam cerceadas de seus direitos. Barrados no baile (Edson Gomes) relata uma experiência de racismo vivida por um negro em um condomínio, acrescentando que cenas como esta são cotidianas nas cidades e as trata como “uma doença talvez incurável”. Perfeição (Renato Russo) aborda vários aspectos sociais no que diz respeito a comportamentos, serviços públicos, classes trabalhadoras e sentimentos humanos dos mais diversos tipos. Estes exemplos, por si só, dão uma ideia da profundidade que há para trabalhos pedagógicos que contenham músicas educativas e que despertem nos alunos reflexões acerca do mundo em sua constante transformação, observando os impactos sociais.

    Cabe, então, não apenas ao educador, mas a toda gestão da escola, unindo-se com a comunidade, propor métodos, planejar e executar ações que possam, pelo menos, confrontar as ideias que estão instituídas nas músicas tidas como “vulgares” e propor considerações, observações e reflexões acerca da musicalidade que abrange temas sociais, como vimos nos exemplos do parágrafo anterior, desempenhando um papel de proteção ao crescimento saudável da intelectualidade dos educandos do novo século no qual estamos inseridos e propondo novas visões de mundo, trazendo os alunos para comparações entre o ontem e o hoje, fomentando a criação de novos significados e a percepção de novos sujeitos sociais do mundo contemporâneo.

  • 23/10/2013 18:48

    Meio Ambiente: percepções epistemológicas

    A sociedade do final do século XX e início do século XXI vem abarcando diversas perspectivas nos mais variados campos do conhecimento. O advento da globalização traz consigo novas nuances e experiências dentro de uma sociedade em constante transformação, seja na cultura, seja na economia ou mesmo nas relações interpessoais. Novos sujeitos e novos olhares são percebidos em vários segmentos de estudo, a exemplo da emergente discussão sobre as questões ambientais, considerado por muitos uma prioridade no que tange às políticas de intervenção. Neste sentido, a análise crítica e a reflexão sobre as problemáticas percebidas pelo aumento da competitividade humana, que afeta direta e indiretamente o meio ambiente, torna-se uma premissa para o constante debate sobre os impactos sofridos pela sociedade e de que forma as nações podem efetivar eficientes articulações quanto à redução desses impactos ambientais, vindos através do descaso com a natureza, do aumento progressivo da poluição, principalmente do ar, originada pelo incentivo ao consumismo desenfreado diante de uma sociedade capitalista e materialista, não havendo uma contrapartida eficaz de redução de impactos ambientais para este fim.

    Partindo da concepção experimental da epistemologia ambiental, observamos a ação do homem em busca de um prazer que soa, por vezes, como anseio de realização social, não importando quais as formas para o alcance do objetivo. No seio de um mundo onde impera o egocentrismo, os impactos são percebidos fortemente pelo contexto da coletividade. Assim, as políticas relacionadas ao meio ambiente vão sendo sugadas por uma visão econômica de sociedade, onde os moldes sociais são subdivididos em classes, de acordo com o poder aquisitivo. Este tipo de conduta torna o mundo do trabalho, dos negócios e dos serviços o foco principal de um mundo que vem atropelando de olhos abertos o conceito de coletividade, de humanismo, de grupos sociais e de vivência sustentável. Falando nisso, o termo sustentabilidade vem sendo largamente atrelado às discussões sobre o meio ambiente, ganhando força principalmente entre as organizações não governamentais, que travam uma luta constante de mobilização e conscientização pela preservação ambiental e construção de um mundo mais saudável e mais sustentável. Isto nos remete a olhar com maior afinco às nossas próprias ações, ou seja, de que forma estamos contribuindo (ou não) para a degradação ou para a preservação ambiental. 

    Contudo, no que tange a uma visão mais racional deste processo de análise, sentimos que diversos valores “antigos” vão sendo superados por “novas necessidades” que permeiam a nova roupagem social, entre eles a necessidade de adequação social ao mundo contemporâneo, ou seja, ao mundo da industrialização, da comercialização e da progressiva expansão da ciência e da tecnologia. Isto nos faz perceber a necessidade de novos atores e sujeitos sociais, a exemplo da nova classe trabalhadora, que deve estar em conformidade com a nova demanda de serviços. O surgimento de mecanismos internacionais de intercâmbio econômico, cultural e social (União Europeia, MERCOSUL, NAFTA), entre outros, propõe uma unidade internacional que não se faz presente quando se olha para as questões ambientais. O próprio Protocolo de Kyoto (que teve como objetivo firmar acordos e discussões internacionais para conjuntamente estabelecer metas de redução na emissão de gases-estufa na atmosfera, principalmente por parte dos países industrializados), ainda encontra resistências por parte de governos que tem em seu bojo principal o crescimento da indústria, da tecnologia e da ciência.

    Desta forma, visualizamos, antes de tudo, uma grande problemática no que diz respeito às intervenções de proteção ambiental. Todavia, surge, possivelmente em consequência de um “destrato histórico”, a contextualização entre educação e meio ambiente, este último, inclusive, sendo amplamente debatido quanto a implementação de disciplina específica no currículo escolar da educação básica. Outrossim, vale salientar que, mesmo diante de uma realidade inquietante, são timidamente percebidas algumas discussões e campos de atuação no que concerne à preservação ambiental e construção de meios mais eficazes e significativos de abordagem sobre o meio ambiente, sendo este, atualmente, uma das áreas de estudo que mais merecem atenção em termos não apenas de pesquisas e debates, mas sobretudo de intervenção estatal e paraestatal.  

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